sábado, 16 de maio de 2015

Pês


Pelos passos a mais que eu dei em sua direção
Pela vontade reprimida, distorcida, encurralada
Pela angustia, a doce e antagônica angústia
Por todas as noites que não dormi a procura da lua por de trás dos prédios e da poeira estática
Pelos pés arrastados e as costas cansadas
Pelas gotículas insalubres que saem de meus poros
Pelos pelos que me percorrem o corpo 
Pelo crime que não cometi, a boca que não beijei, 
Eu lhe peço, escancara-me, por favor!
Já não posso estar entrelinhada
Não me curo no conta-gotas
Overdose-me! 
Pela anáfora quebrada, enfurecida
Pelo, pela, por, para, ponto. 
Final.

Um comentário:

Monalisa disse...

to apaixonada por esse poema