sábado, 2 de janeiro de 2016

A (quase) queda

Estou em silêncio te vendo escorrer como suor por todo o meu corpo, 
Percorrendo os mais infinitos caminhos como gotas, milhares de gotas. 
Te ver escorrer é frio e sem sentido. É ver dissolver aquela certeza de que você é parte, mesmo que em tantas partes. 
E você vai se empoçando embaixo dos meus pés.
Hoje tuas águas são rasas, são inofensivas ao meu fôlego frágil. Me lembro de quando você chegou: oceano de águas inquietas e paisagem deslumbrante.
Secaste!
Aqui eu sinto doer, em doses homeopáticas.
Os cortes são superficiais, nenhum profundo, mas em quietude, esse pouco, eu sinto doer.
Ainda penso sobre jogar o barco contra o mar, velejar ao sabor do vento.
Fostes um oásis!
Inebriei-me no seu sorriso - largo, bonito - e tantas vezes nele me perdi.
Era só uma esperança boba, pintada em aquarela, de sair daqui, de sair de mim.
Estou olhando pra dentro. Eu me sinto tão aqui dentro! Pausada na queda, já não posso sentir o frio na espinha, só a certeza imatura de que foi melhor não cair.
Tudo bem que você não pule agora, garota! Não é bom que vá se o medo ainda te acorrenta os tornozelos.

Mas voa, um dia, quando o sol te aquecer a pele, feche teus olhos e voa.