quarta-feira, 24 de setembro de 2008

vovó.

Susto que desabrocha quase aos dezoito anos.
Flor rude,flor que espinha mais que aflora.
Sol que nunca nasce, e tanta,tanto é desejado.
O andar desajeitado da cabeça que não crê no céu, 
E o céu que continua a azular, a amarelar, a aguar e desaguar.
E a cabeça que não crê na terra, que não vê um inferno e grita pelos céus de algum santíssimo.
Quase aos dezoito anos e as meias rasgadas de pernas grossas, 
Da pele de moça que se vê tão idosa...
Moça das pérolas,das pérolas que a vovó tanto almejava.
E vovó está a adoecer,talvez mais colorida dessa vez.
Mas a comida agora é escura,tem cheiro de fumaça de escapamento, 
As conversas são malucas tanto quanto o mundo diz que é.
E enquanto vovó pára, a menina-moça continua,e cresce, 
E vê-se como vovó, muito mais do que com ela.
Talvez com um pouco mais de brilho, 
Mas tão menos talento no cozinhar, e tão menos brilho no olhar.
Com um pouco mais de medo,não tanto do escuro.
Aos velhos dezoito anos, e vovó aos jovens sessenta e oito, 
O tempo não pára, e a menina põe-se a gritar :

"Vovó querida , eu me sinto tão velha!"


terça-feira, 23 de setembro de 2008

O pássaro e a flor

"Era um dia sombrio
Quando um pássaro erradio
Veio para num jardim.
Aí fitando uma "Rosa",
Sua voz triste e saudosa,
Pôs-se a improvisar assim.

Ó Rosa, ó Rosa bonita !
Ó Sultana favorita
Deste serralho de azul:
Flor que vives num palácio,
Como as princesas de Lácio,
Como as filhas de Istambul.

Como és feliz ! Quanto eu dera
Pela eterna primavera
Que o teu castelo contém...
Sob o cristal abrigada.
Tu nem sentes a geada
Que passa raivosa além.

Junto às estátuas de pedra
Tua vida cresce, medra..."

Castro Alves, por Madrinha.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

emim.

"Se eu me perdi
quando eu errei
quando eu senti
que quase estraguei
toda a construção

Fugi desse país e fui buscar
qualquer outro lugar
pra tentar ser feliz
deu vontade de voltar

Pra te dizer que as opções ainda estão aqui
Vou construir uma família como a gente quis
Quem tem menos faz bem mais que nós por si
Essa cidade não conhecerá meu fim
O que procuro encontrarei dentro de mim

Se eu me enganei não foi por mal
Andei na contra-mão
Daquilo que previ
De tudo que é normal
Fugi desse país e fui buscar
Qualquer outro lugar
Pra tentar ser feliz

Senti vontade de voltar
Pra te dizer que as opções ainda estão aqui
Vou construir uma família como a gente quis
Quem tem menos faz bem mais que nós por si
Essa cidade não conhecerá meu fim"

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

refrão, da noite.

[...]

ela segurava o seu coração,
e largava roupas pelo chão.


[...]