sábado, 17 de maio de 2008

[medodidá]

Amor,chega mais perto deu
Que já deu hora do trem passá.
Amor,chega mais junto deu
Que o medo deu do trem chegá.
Chega teu corpo no meu
Que o medo deu de perder o teu
Ah,e diga pra eu, os velhos ou os deuses,
Donde vem tua doçura
Que a loucura não pode levá.
Ah,gruda teus olhos nos meus
Que dia dá e deu ummedo de duvidá,
Que as doze o trem vai passá
E deus há de ajudá na hora do medo assombrá.
Amor,chega mais perto deu
Que a hora de descansá
Sonha teu sonho no meu
Que amanhã o trem vai passá
Das doze do dia a raiá.
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Rafaela de la Rosa.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Pousa a mão na minha testa

Não te doas de meu silêncio:
Estou cansado de todas as palavras.
Não sabes que te amo?
POusa a mão na minha testa:
Captarás numa palpitação inefável
O sentido da única palavras essencial
-Amor.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

[proutrem]

As crianças deliciam-se no parque, e tudo pra elas parece tão maior do que visto aqui da minha janela.Da minha janela?E pouco importa se o sol saiu ou se ainda vai sair, o tempo corre, o tempo deita sobre elas, e se esvai, e dissolve tudo que pode estar acima de nossas cabeças.
Elas continuam conversando. Ou seria gemendo?Ah, elas continuam lá, andando de frente para trás,por todos os lados as nuvens as distrai,por todos os lados as janelas tornan-se deformes,disformes.
O calendário nos traz todas as previsões pros próximos cem anos,que sem anos tudo fará muito mais sentido. E todos os amigos estarão nos parques destruídos a espera de alguma salvação?
E pra que elas parem de gritar é só não reler o texto,é só não se importar com o começo, que parece-nos tão frustrante.
As crianças fazem caretas,as crianças estão na estreita janela,a espera de algo que as sustente nos próximos sem-cem anos.
Elas gritam tanto, ah, se pudesse ouví-las como daqui eu as ouço.Se elas pudessem lhes mostrar a plenitude de um sorriso bem dado, ou de um corpo bem dado, um copo d'agua, uma perna, um amor, uma lágrima, uma lingua,um tapa...Ah! A plenitude de um tapa bem dado.
Aloha!Aloha!
Eu sei da falsidade de ser feliz, que já se é tão menos, que ser um pouco mais nos perde por completo.Será que você estendem,queridas crianças?
Será que você entendem que já não se é criança há cem ou sem anos?
Será que vocês conseguem ver o sol queimar nossos roteiros?
Agora é só fechar os olhos e deixar o copo queimar, queimar o chão, queimar a mão, queimar o corpo.
Vamos crianças mostrem a eles que não é tão ruim assim culpar outrem que não o outro.
Ah,crianças mostrem a eles que a parede não tem o cheiro de estrumo com que tanto eles sonham, e que os cantos das casas não tem assim tantos bichos,não tem assim tantas aranhas quanto eles imagimam...Vamos crianças!
É só fechar e fincar, fechar e fincar...
Os pés e as pás, os pés e as pás...
E a busca pela liberdade é a eterna prisão.
Se eu soubesse que custaria tanto.

terça-feira, 6 de maio de 2008

a pele branca, e meu fingir dormindo.

Não havia só um cego ali.

Quer-se querer todo o nosso mal.
Ah, essa mulher caída, amarga,que soprou meus cabelos em direção aos meus olhos, e se sedaram de cabelos e poeiras, lama e sal, ardência incontrolável.
E seria tão fácil ir e voltar se não tivesse teus olhos em minha direção, e sua palidez sombria, coberta de prata, fosca e louca.
E seria tão mais fácil cegar-me se não ouvisse tua a voz a pedir que eu ficasse, a pedir que eu me calasse, que minhas palavras endoidecidas furavam todos os teus poros tão minimamente abertos. E foi por tão pouco que mãos e bocas não me calaram, e foi por tão pouco que não me deixei perder por dentro de meu crânio, que meu olhar virou-se sem nem se mover, e parou, fincou-se no interior escuro e catastrófico da minha mente, da nossa mente. Que a mentira foi-me tirada e arrancada de meu peito, já se encontrava tão enraizada que doeu como jamais havia doído antes, e ah, meus caros amigos não foi a erva, não foi o olhar maldito, e nem as palavras não ditas, foram meus medos e meus traços, que puxaram-me os pés, e derrubaram-me de cara no chão, pra que rasgasse-me a face, e ao olhar-me no espelho visse que não sou eu tão destruída e destrutiva assim, e digo-lhes ainda que ao olhar-me no espelho parecia-me mais belo do que nunca, com o semblante amargo,louco e magro...que não sou magra e nunca fui.
Foi o escuro das pálpebras e o clarear incrível da pele colado no reflexo que me fez amar minha detestável sobriedade.
Ah! E digo-lhe mais: não havia só um cego ali!Oh, não! Não havia só um cego ali!
E agora o caminhar parece tão mais significativo, tão bobo e lúcido.
E agora tuas mãos parecem tão mais quentes e sensíveis, e as minhas só querem-nas... Pra caminhar.
Pra caminhar... Que sonhos são sonhos, e foram aos teus olhos que entreguei os meus quando tudo que eu tinha eram lágrimas travadas na garganta.Teu nome na cabeça e o pedido : ah, não me deixa te deixar!