terça-feira, 6 de maio de 2008

a pele branca, e meu fingir dormindo.

Não havia só um cego ali.

Quer-se querer todo o nosso mal.
Ah, essa mulher caída, amarga,que soprou meus cabelos em direção aos meus olhos, e se sedaram de cabelos e poeiras, lama e sal, ardência incontrolável.
E seria tão fácil ir e voltar se não tivesse teus olhos em minha direção, e sua palidez sombria, coberta de prata, fosca e louca.
E seria tão mais fácil cegar-me se não ouvisse tua a voz a pedir que eu ficasse, a pedir que eu me calasse, que minhas palavras endoidecidas furavam todos os teus poros tão minimamente abertos. E foi por tão pouco que mãos e bocas não me calaram, e foi por tão pouco que não me deixei perder por dentro de meu crânio, que meu olhar virou-se sem nem se mover, e parou, fincou-se no interior escuro e catastrófico da minha mente, da nossa mente. Que a mentira foi-me tirada e arrancada de meu peito, já se encontrava tão enraizada que doeu como jamais havia doído antes, e ah, meus caros amigos não foi a erva, não foi o olhar maldito, e nem as palavras não ditas, foram meus medos e meus traços, que puxaram-me os pés, e derrubaram-me de cara no chão, pra que rasgasse-me a face, e ao olhar-me no espelho visse que não sou eu tão destruída e destrutiva assim, e digo-lhes ainda que ao olhar-me no espelho parecia-me mais belo do que nunca, com o semblante amargo,louco e magro...que não sou magra e nunca fui.
Foi o escuro das pálpebras e o clarear incrível da pele colado no reflexo que me fez amar minha detestável sobriedade.
Ah! E digo-lhe mais: não havia só um cego ali!Oh, não! Não havia só um cego ali!
E agora o caminhar parece tão mais significativo, tão bobo e lúcido.
E agora tuas mãos parecem tão mais quentes e sensíveis, e as minhas só querem-nas... Pra caminhar.
Pra caminhar... Que sonhos são sonhos, e foram aos teus olhos que entreguei os meus quando tudo que eu tinha eram lágrimas travadas na garganta.Teu nome na cabeça e o pedido : ah, não me deixa te deixar!

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