Ela passou, passou por nós, e acho que dessa vez ela foi.
Ela foi de verdade.
Meu bem, não faça disso dor em você mais do que o nosso amor.
E agora, meu bem, eu vou deixar passar, vou deixar passar com ela essa agonia.
Que se vá, e voe, e vá pra longe,
Que a distância seja dona de um esquecimento surreal.
É tempo querida, o tempo, não o vento!
O tempo que leva as borboletas pra longe de nós, pra longe do nosso coração,
E então, já não sentimos mais nada, só uma calmaria impensada, até sensata, enlouquecidamente sana e boba.
O tempo que age como louco, que age como se nada tivesse sido importante,
Mas eu sei que não há tempo que tire a cor por completo de um coração,
Se foi coração, se foi coração de verdade, vai ter sempre um vestígio.
Então, eu te peço, garota minha,me dê uma cor que não desbote!
Te imploro por uma cor que não desbote se um dia resolver deixar o tempo te levar.
Deixe meu coração colorido, deixe meu coração com cor (e dor) viva para todo sempre,
Pra que toda vez que doer, doer colorido, doer vivo!
Mas se você, pequena, resolver lutar contra o tempo, contra o vento, contra a chuva, o sol, e as borboletas,
Então pinte meu coração todos os dias, com cores diferentes:
Hora com cores frias, hora com cores quentes.
Pinte rude, pinte suave, mas pinte-o a todo momento!
E deixa manchar o teu coração no meu,
Deixa as cores se misturarem até virarem imperceptíveis em suas origens.
E que assim faça-se o nosso mundo, de cores, pra ir, ou pra ficar.
Se for pra ir, que faça-se quadro intocável, dos mais belos e invejáveis.
Mas se for pra ficar, que seja delineado a cada manhã, retocado a cada noite,
E que floreie nas tardes de verão.