Como que vem depois de uma longa caminhada e pode agora respirar, descansar.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Dos sonhos que vivi
Como que vem depois de uma longa caminhada e pode agora respirar, descansar.
sábado, 24 de janeiro de 2015
A falta de cabelos e o gostinho da liberdade.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
As bruxas e a bolha
As bruxas são feias, são fedorentas, tem cabelos armados e nariz grande, ah, e não podemos esquecer da risada : uma risada escandalosa e incômoda.
Hoje, aos vinte e quatro, muitos meses e reflexões sei o quanto fui enganada e direcionada a ser quem eu
Para que possam entender onde quero chegar preciso contar-lhes sobre a bolha em que estive imersa na última semana:
Passei cinco dias em um curso de imersão com mais quase quarenta mulheres em um lugar cercado de arvores, bichos, terra,vinho,fogo e crias. Mal sabia eu a poção que estávamos preparando ao juntar esses ingredientes poderosos.
Foram cinco dias de descobertas, de revelações, de lágrimas e muitas gargalhadas. Havia uma magia no ar, e a tal sororidade fez-se presente sem que nenhuma teoria-academicista-feminista fosse necessária.
Algumas de nós estavam realmente bem machucadas, com feridas abertas e em carne viva, outras ainda se recuperando de cicatrizes mal cicatrizadas, e mais outras que mal sabiam os machucados que estavam escondidos. A verdade é que a imersão emergiu e transbordou e todas fomos cuidadas e amparadas de alguma forma.
Descobrimos nossas dores e lágrimas, aquelas que não choramos no passado por pressão de nos mantermos fortes.
Descobrimos também nosso sexo, aquele que passamos uma vida inteira ouvindo ser sujo,pecaminoso e violável. Tocamo-nos, sem medo, sem poder e sem pudor. Deixamos ser, deixamos fluir e gostamos.
Descobrimos que as mulheres são diferentes em seus formatos, em seus cheiros, em seus gostos e que somos todas muito complexas e lindas.
Sim! O clichê feminista fez-se real : Somos todas lindas!
Admiramo-nos: nossa força, nossas fraquezas, nossas curiosidades, e nosso poder de maternar não só as crias mas a nós mesmas e as outras.
Olhamos fundo nos olhos uma das outras e nos abraçamos em volta de uma fogueira. Queimamos nossas dores e trocamos nossas peles como cobras, que não são animais ardilosos!
Conectamo-nos com a mãe-terra, conectamo-nos umas com as outras e criamos uma rede, uma bolha. Eis que a bolha se formou sem que nos esforçássemos para tal. Ela simplesmente se formou.
Eu, particularmente, pude então perder meu medo de bruxas de uma vez por todas.
Descobri que nós somos todas bruxas e que por isso aprendemos a ter medo delas. É perigoso que descubramos nossas forças e nosso poder de união, podemos destruir e construir um universo inteiro.
Vi e senti mulheres com narizes de todos os formatos, mulheres que suam e exalam cheiros fortes, mulheres que tem pelos por todo o corpo, mulheres com cabelos esvoaçantes, mulheres com gargalhadas estridentes, altas, que ecoam! E precisamos rir! Precisamos rir histericamente para liberar essa energia atravancada, podada, encarcerada.
Somos nós aquelas bruxas: Somos nós essas bruxas!
Somos as netas das bruxas queimadas nas fogueiras da inquisição, somos as herdeiras do poder de criação, somos altamente capazes de ter empatia, somos extremamente fortes e delicadas.
E antes que eu me esqueça : somos gordas e magras,temos fluidos corporais, ciclos menstruais, uma ligação fortíssima com os ciclos lunares, pelos por toda parte e uma linda e magnifica vagina.
Todas temos vagina, e essa parte do nosso corpo é nosso caldeirão de poções magicas!
Nossa vagina e nosso útero são capazes de concentrar e gestar um fluxo intenso de energia - o mais intenso que qualquer ser humano pode produzir : uma vida! - e temos milhões de ramificações nervosas que nos permite ter prazeres transcendentais!
Só nós temos um órgão feito exclusivamente para sentir prazer : o clitóris.
E após descobrirmos tantas coisas não podemos, minhas irmãs, deixar que isso se perca. Precisamos nos manter conectadas porque o fluxo da "vida real" ( vida patriarcal) quer nos tirar toda essa força e nos fazer novamente sentir medo das bruxas.
E se voltarmos a ter medo das bruxas, queridas, teremos medo de nós mesmas! E nos queimaremos, pouco a pouco, sem que percebamos que o estamos fazendo.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
O reflexo da Lua.
Tocamo-nos em nossas extremidades, caladas.
Ainda sinto o estremecer da minh'alma ao fundir meus olhos aos teus.
Meus poros abertos, minhas mãos úmidas, meu choro contido.
Estive nua, em carne viva, e queimaram-me as inúmeras gotas de suor.
Fluidifiquei-me.
Escorri-me por minhas próprias pernas numa mistura de medo e prazer.
Perdi-me no teu oceano, no fundo hipnótico dos teus olhos, perdi-me na acidez do teu protesto, na maciez da tua pele, dos teus pelos.
Ainda estou tentando resgatar-me, juntar as partículas.
(Inebriada)
Solidifico-me aos pouco ao voltar à selva de pedras.
Os meus olhos continuam cerrados, os lábios molhados, os pés gelados, e as tuas histórias, codificadas, em cada pedacinho do teu corpo.
Há tanto aí que não há aqui, tantos encantos.
Sustento a efemeridade como auto proteção e no entanto tenho certo que a porta que abri escancarou tudo que passei uma vida tentando esconder.
Olho para o céu fixamente!
(Perco-me)
Essa noite eu quero a melodia suicida das sereias.
Mergulhei no profundo oceano encantada pelo reflexo da Lua.
E eu não sei nadar, meu bem.