A xícara de café quente nessa manhã fria,
O canto suave que fala tão duramente sobre o tempo,
O tempo que não foi, o tempo que está.
Sinto minha linhas, vagarosamente, entrelaçando as suas.
Não falo das linhas publicadas em livros,
Tão pouco dessas codificadas e enfileiradas em muitas edições,
Menos ainda dessas linhas que encontrarás nas livrarias!
Não!
Falo dessas que ainda estão no anonimato
Dessas tão suas, tão cruas e tão cheias de si
Falo dessas minhas que pouco sabem sobre normas
Tuas aflições, minhas angústias
Tuas belezas, minhas paixões.
Entrelacemos nossas linhas escritas,
Entrelacemos as linhas soltas de nossas roupas velhas
Deixemos que se perca o fio da meada.
Sei como é se perder com frequência,
Assim também sou eu,
Assim fez-nos os astros e as constelações.
Na xícara sobrou apenas um borrão do café
Em minha boca o amargor,
E minha imaginação catastrófica te traz pra perto
Deixo que ela traga, deixo que traga e sorrio.
Não sei se você virá, não quero solidificar
Não quero linhas retas, não me encontro na certeza
Quero as tortuosidades dos infinitos pontos de interrogação
Encontra-me, garota, na beleza do desencontro.
(Às dezessete horas e uns quebrados de um sábado congelado)
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