Enquanto ela contorce todo seu corpo pra tentar exorcizar tudo que esteve preso até então, ela vê a lua, lá no alto do céu, pela janela.
Está faltando um pedaço na lua, está faltando um pedaço de si.
O manto jogado sobre o sofá absorve os fluidos que escorrem por suas coxas e os fluidos que escorrem por seu rosto , ambos tão rechonchudas.
É gozar e tossir, tossir e chorar, chorar e esquecer de tudo que seu corpo e sua alma expelem durante o orgasmo solitário.
As mãos agarram o que encontram pela frente; uma almofada, um tecido, uma pedaço de carne. As unhas arranham fundo, há uma agonia de querer-se agarrar, manter-se na superfície: um silencioso grito de socorro!
Ela perde-se entre a luz da lua e a luz da lâmpada velha no teto; falta um pedaço da lua, falta um pedaço da lâmpada, falta um pedaço de si, e a ausência escorre pelas pernas, pelos olhos, pelos dedos lambuzados. E ela escorre ralo a dentro, junto com a água do chuveiro no intuito de tentar se limpar.
A sujeira mantem-se limpa,intacta, encrostada no chão do box, e ela desce pelos canos imundos, vai juntar-se aos seus, e volta inteira quando a lua já estiver cheia.
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