quarta-feira, 5 de março de 2008

[delírios reais]

Eu não consigo compreender sequer uma palavra da música que sai suave das caixas de som em busca de meus tímpanos.

Olhos,
Diamantes,
Rubi,
Em diante,

São essas as palavras que por mim tomaram consciência. Não tem seqüência, não tem destino, nem objetivo. Mas tem ritmo e tem cor.
Cor essa que me toca de forma louca, e parece comprimir minha garganta, e espremer meus olhos.
Arrisco cantar, dedilhar em mim alguns versos, dessa música que nunca ouvi, e parece transformar-me em trilha visual. E tira de mim risos e sorrisos retorcidos.
Saí de mim, saí de casa por alguns minutos,meia hora talvez,em busca de algo,em busca de um som, uma conversa,um devaneio, um sorriso,uma obrigação qualquer.Dei de cara com o vento,com o céu milimetricamente desenhado, em tons avermelhados e azuis, trazendo me aos olhos manchas foscas de laranjas e verdes. Preenchi-me de todas elas,afaguei-me no asfalto escuro e sujo em que caminhei como se fosse num gramado artisticamente verde.
É a minha vida. É meu descobrir, é minha promessa, e são meus ideais.
É a Lolita quem está a preencher minha mente. O livro de capa dura, azul celeste que me chama atenção, desvendando em outros nomes os meus mistérios, e que Liesel me perdoe se parece traição, mas Lolita agora me faz perder a cabeça, me faz sentir o ventre úmido, até o iniciar das coxas. E descobrir, parágrafo a parágrafo meus desejos mais impuramente intensos e esculturais.
Livro aberto no colo, olhos deslumbrados pelas figuras que desenhadas me rodeiam, e parecem tão reais, as cores tão fortes e os ruídos e gemidos tão vivos. Ora! Ela é só uma criança! Uma ninfeta!
É tão orgástico como roupa de frio no verão. Faz enlouquecer, faz querer gritar. E não quero que ela suma! E nem que assuma meus pensamentos. Por que o que faço é fugir da realidade, é fugir daquela que me persegue, e cair em braços imaginários, pra não sentir necessidade de outros, e o que faço, é desenhar olhos surrais, pra não ter que me hipnotizar nos da menina de carne,ossos, e confusões.
E sentei-me aqui, mesmo a detestar essa cadeira, mesmo cansada dessas teclas, e da clareza que essa tela me traz a cegar,pra tentar ler essa confusão que está a me conflitar, a me desvirtuar.Tentando descobrir por que não acho o desespero que leio, tentando descobrir por que não sinto a loucura que me mostra.
Suas palavras são brandas, querida, apesar de fugazes, são manchadas, não antagônicas, alucinadas, e castras.

2 comentários:

tarsio vinicius disse...

negativo...o certo é "a ilusao é uma verdade"...

...

tarsio vinicius disse...

entra aeh...http://liliuetliricu.blogspot.com/2008/03/coments.html