segunda-feira, 16 de junho de 2008

ao passar.

Passada é coisa que não se pode tocar
E vaga por entre nós
E mesmo assim, não dá pra tocar
E de vez em quando, numa manhã de segunda feira,
Ele atravessa a rua, de uma forma européia.
E só faz-se a gota d’água,
Quando já não há música a envolver o coração.
E as lágrimas a avermelhar as bochechas,
As mãos perto e a apertar o peito, a reprimir o soluço,
Com os lábios a desenhar em breves espaços:
Você nasceu pra mim! Você nasceu pra mim!
E será que era só um grito de surpresa?
Ah, e o labirinto se completa, e se decepam as cabeças.
E o meu coração a comandar,
E delinear as lágrimas por entre os lábios.
São bonitas, não importa!São flores bonitas!
E parece-a, aqui de tão longe, um jardim de inverno.
E o inferno, a queimar o peito de quem se foi com o passar da estrada.
O meu inferno, a esquentar o rosto, e o dourado de seus cabelos,
Nos meus olhos melados, de mel...
Mas se foi, amor meu, e deixo-me a ti em um choro primaveril.
Que não me importa se agora rouba-me as certezas.
São os breves espaços de medo, e exprimir dos lábios, num velho e doce, incerto:
Você nasceu pra mim! Você, menina, nasceu pra mim!

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