E você passa assim quase como um vulto,
me deixa com os olhos aguados e um sorriso bobo nos lábios,
desses que ocupam quase o rosto todo e relutam a se esvair.
Me desperta, me conecta, e depois apenas se vai com os
barulhos brutos da máquina a me inchar os ouvidos.
Me deixa apenas o vento, corrido, sujo.
Os restos da fuligem, os dedos a acenar, soltos, no ar.
eu sinto falta, sinto sede, e uma vontade magnética de te aproximar.
Você me chama a atenção, me colore, e se dissolve no túnel escuro - pro fundo do mar.
Eu não devo ter sido quase nada
Devo ter sido, assim, tão pouco
enquanto fostes a ligação do meu mundo de dentro com o mundo de fora.
Não me restou mais prantos, nem pratos partido na parede, tão pouco desejos intermináveis
Ficou um silêncio seco, e os olhos úmidos.
( e o vício aos ouvidos, dos trilhos, o ruir e o rodar ...)
sábado, 16 de março de 2013
Há quanto tempo eu já não permito que as palavras se desenhem tranquilamente pelo papel, ou até mesmo pelos ares? Há quanto tempo eu tenho medo de ouvir a minha voz, o meu apelo?
Como eu não percebi antes o meu ato de traição?
Quantas vezes eu troquei as palavras, as letras e os pontos?
Quantas vezes eu escondi a caneta e o papel?
Ah meu Deus, eu tive tanto medo de me tocar,de me sentir, na aspereza repugnante da qual eu me encontrava, no vazio sistemático, nas inúmeras paixões platônicas !
Eu desejei com todas as forças que você me estendesse a mão, para que eu pudesse tritura-la, esmagá-la, e enfim, traze-la pra mim.
Eu tive tanta certeza de que te teria comigo, que mal pude perceber o que estava te oferecendo!
Tua voz ainda sopra em meus ouvidos , e eu ainda sinto vontade de chorar quando lembro da doçura dos teus lábios. Foi urgência! Uma urgência abafada, corrompida !
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