Há quanto tempo eu já não permito que as palavras se desenhem tranquilamente pelo papel, ou até mesmo pelos ares? Há quanto tempo eu tenho medo de ouvir a minha voz, o meu apelo?
Como eu não percebi antes o meu ato de traição?
Quantas vezes eu troquei as palavras, as letras e os pontos?
Quantas vezes eu escondi a caneta e o papel?
Ah meu Deus, eu tive tanto medo de me tocar,de me sentir, na aspereza repugnante da qual eu me encontrava, no vazio sistemático, nas inúmeras paixões platônicas !
Eu desejei com todas as forças que você me estendesse a mão, para que eu pudesse tritura-la, esmagá-la, e enfim, traze-la pra mim.
Eu tive tanta certeza de que te teria comigo, que mal pude perceber o que estava te oferecendo!
Tua voz ainda sopra em meus ouvidos , e eu ainda sinto vontade de chorar quando lembro da doçura dos teus lábios. Foi urgência! Uma urgência abafada, corrompida !
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