domingo, 21 de junho de 2015

Bifurcação perdida


Eu daria tanto pra ter ouvido isso antes.
Eu afoguei o nosso amor, o vi sufocar, agonizar e inundar.
E lá está ele, boiando, com os olhos inchados e um sorriso cínico nos lábios.
Não me peça pra reconstruir
Não me peça pra ficar e sorrir
Ainda posso ouvir ressoar o grito da angústia.
Está aqui, ainda me ronda, ainda me cabe.
Toda vez que você me toca eu sinto dor. Toda vez que eu sinto essa dor eu te peço mais.
Mais uma dose, por favor.
Uma dose de abstemia na roleta-russa das doenças venéreas.
Há quem me tome pela mão,
E há quem tome meu suor enérgico,
Mas não há quem me tire da escória de ser lésbica no mundo dos homens.
E eu vou lá,  andar e me reconhecer,
Te deixar passar num choro corrosivo de te ver deitar na cama do inimigo.
A mandala eu carrego no peito,
Te estiro a mão: - vem comigo?
O silêncio, a pausa, o frio na cabeça sem cabelos, os olhares hostis,
Ah, os olhares e as reticências!
Estou ereta, com a labrys erguida, apontando pra lua, que a luta também é sua!
Ainda que seja sonho ou utopia não há quem desminta o frio que me invade a espinha.

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