sexta-feira, 19 de junho de 2015

Das conversas esfomeadas

Há uma doçura em todo esse caos.
Não precisamos desses passos focados.
Há o desalinho, o desajuste natural que nos guia - tão bem.
Você vem com um sorriso incerto, o olhar perdido, não mais marejado como antes.
Mas de um jeito ou de outro, você vem.
Eu queria poder me derreter, tocar sua mão inquieta, te mostrar que aquela dor se foi, acalmar essa multidão que mora em sua cabeça insegura.
Eu queria, eu queria, mas eu não posso. Eu estou do lado de dentro de min dessa vez.
Não mentir à si mesma!
Não há muito além disso que possamos fazer pra manter o mínimo de controle.
Mas não há controle, querida, apenas controvérsias.
Beije suas feridas, abrace seus cadáveres, perdoe suas próprias agressões, dispa-se de suas fantasias e deixe a morte lenta na neve branca e linda para mais tarde.
O que mais poderiamos fazer que não aceitar, recolher e acolher os pedaços do corpo partido?

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