quinta-feira, 7 de julho de 2016

Quando seu coração se desmanchou escorreu como suor por todo seu corpo eu me fiz tecido permeável pra te acolher e te mostrar que se desmanchar, as vezes, é se refazer.
A verdade é que parte de mim se perdeu você, que minhas células confusas migraram pra sua corrente sanguínea e me vejo fluindo por suas veias enquanto mantenho meu solilóquio.
Há pouco pra se entender quando seu corpo é capaz de unir as partes fragmentadas de um outro corpo: não é poesia, é organicidade.
Te embalo ainda nos meus braços num intuito metafísico de embalar a mim mesma, eu chorei contigo o perdão que não me dei e senti o gosto do seu medo como nunca pude sentir o meu.
Eu sei que dói, dói absolutamente tudo, rasga a alma ao meio, e eu não esqueço suas mãos coladas ao peito como quem tenta conter a hemorragia.
É isso, pequena, sensibilidade é hemorrágica. E só o tempo te ensina a manter o fluxo  e a respiração.
Eu me sinto desgastada por mim mesma, corroída pelo tempo e pela exposição, mas faço de mim barragem, e sinto que me rompi ao tentar conter suas águas turvas. Estou inundada, de mim, de você, do caos de nossas mentes.
Eu sou ferrugem e você tinha fresca.

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