O certo é
esse, chorar debaixo da água corrente do chuveiro, o choro, em meio a tanta
água, é seco. Não distinguir as gotas doces das gotas salgadas.
O peito
está cheio, segure em si mesma, aperte o joelho contra ele, deságua, desova,
destoa, desespera, e deixe a água quente cair nas costas, deixe o choro secar
em meio a essa imensidão de gotas.
O vapor
não me deixa enxergar tão bem um palmo a minha frente e delicadamente o espelho
não reflete a minha imagem, e isso é mais do que nunca um alívio.
Nada alivia
essa desconexão, mas acalma a auto piedade, acalenta, suspende a mente, deixa o
corpo por si só sentir-se úmido, escorregadio, quente.
Eu
gostaria de voltar pra casa! A sentença se solidifica, desenha-se por todo o
azulejo, desce pelo ralo, sem dó, sem piedade... Não há mais pra onde voltar!
Solta no
ar! É assim que me sinto. Seca, só, sólida, sinestésica... Eu não quero nenhuma
palavra bonita, eu só quero voltar pra casa, pousar minha mão na tua, falar em
você, falar com você, e me sentir em casa, e me sentir novamente segura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário