terça-feira, 7 de julho de 2015

Carta dos 29 anos.

Os anos passam, um a um, e em pouco tempo tornam se muitos. A verdade é que poucas vezes tomamos ciência de que estamos onde deveríamos estar. Parece sempre tão pouco, e o pouco que ainda resta parece difícil de aguentar.
Eu consigo entender sua angústia. As águas calmas machucam e as águas turbulentas ainda mais. Há um desajuste, uma desconformidade. Nada me tira da cabeça que o que nos dói é estarmos presas num corpo,  entre esses músculos, essa carne, esses ossos. Sinto sempre que a explosão está próxima, mas ela nunca vem.
Queria manter a formalidade social e te desejar um feliz aniversário, um novo ciclo cheio de sorrisos sinceros e menos dores, e sim, eu realmente desejo todas essas coisas mas eu sei que a paz não te cabe. Na real paz é tão medíocre.
Te desejo boas doses de inconformismo, outras tantas de força,  paciência consigo mesma, confie mais nos gritos da tua alma, mesmo que esses pareçam histéricos! Não se isole tanto também, há uma porção de mulheres precisando dessa conexão que você é tão capaz de prover.
Envolta pela sonoridade desconcertante de Cat Power eu te confesso que minhas palavras não expressam metada do que meu corpo queria lhe dizer. Há ligações que só um corpo suado colado a outro é capaz de fazer.
As memórias, as vontades, elas estão aqui, vividas, esperando o dia que você vai voltar.
( mesmo que não volte, de nada me custa esperar).
Há um mundo potencial que nos espera pra desbravar. E por mais que tenham nos feito acreditar que não, eu te juro amor, que ele existe.
Trocar a pele dói,  queima, destrói uma porção de certezas absolutas, mas leva embora a submissão, a fraqueza, a solidão. Estar em meio a multidão é a solidão em sua forma mais cruel. Hoje eu tenho você, tenho a mim e uma porção de outras mulheres que estão de braços erguidos curando suas dores,  e estar por você, por mim e por elas é a completude em sua forma mais concreta.
Não te desejo felicidade, seria hipócrita demais, mas grava em teu coração: eu estou aqui, segurando firme a tua mão,  se você cair, eu te ergo!
Com amor, Rafaela.

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