Nos tempos de seca fomos testemunhas, juntas, de dois aguaceiros sem fim.
No primeiro corremos, no segundo ficamos.
E aguar, hoje, me trás teu semblante na lembraça.
No dia em que ficamos decidimos também que ficaríamos na vida uma da outra. Mas a chuva passou, e nós passamos com ela.
Mantenho-me distante muito mais do que eu queria e penso mais em você do que eu achei que o faria.
Estou colorindo-me aqui fora pra ver se contagio o cinza-concreto que me tomou por dentro.
Eu não escorro mais com as águas que brotam dos meus olhos, elas vão , eu fico.
Eu tenho que ficar!
Infectei-me com essa dureza que teu coração traz como cartão de visitas.
Ainda choro no escuro mas não esmoreço.
Estou de pé, remendada, rabiscada, paranóica !
(Meados de outubro de 2014)
domingo, 28 de junho de 2015
Tempos de seca
quinta-feira, 25 de junho de 2015
Lembranças de um tarde de luz (novembro de 2014)
Havia distrações o tempo todo: Os raios solares, o canto dos pássaros, as gotas inebriantes da chuva que caiu de repente, e você a me olhar no fundo dos olhos, me tirando do cerne,tornando insólito todo o meu roteiro racional.
Esvaneceram-se as palavras, letra a letra, e só ficou o som, quase visível do nosso gostar.
Não éramos mais intocáveis como antes, transformamo-nos em seres fluidos como aquelas gotas d'água.
E você mergulhou, meu bem!
Éramos como rios que desaguam nos mares.
domingo, 21 de junho de 2015
Bifurcação perdida
Eu daria tanto pra ter ouvido isso antes.
Eu afoguei o nosso amor, o vi sufocar, agonizar e inundar.
E lá está ele, boiando, com os olhos inchados e um sorriso cínico nos lábios.
Não me peça pra reconstruir
Não me peça pra ficar e sorrir
Ainda posso ouvir ressoar o grito da angústia.
Está aqui, ainda me ronda, ainda me cabe.
Toda vez que você me toca eu sinto dor. Toda vez que eu sinto essa dor eu te peço mais.
Mais uma dose, por favor.
Uma dose de abstemia na roleta-russa das doenças venéreas.
Há quem me tome pela mão,
E há quem tome meu suor enérgico,
Mas não há quem me tire da escória de ser lésbica no mundo dos homens.
E eu vou lá, andar e me reconhecer,
Te deixar passar num choro corrosivo de te ver deitar na cama do inimigo.
A mandala eu carrego no peito,
Te estiro a mão: - vem comigo?
O silêncio, a pausa, o frio na cabeça sem cabelos, os olhares hostis,
Ah, os olhares e as reticências!
Estou ereta, com a labrys erguida, apontando pra lua, que a luta também é sua!
Ainda que seja sonho ou utopia não há quem desminta o frio que me invade a espinha.
sexta-feira, 19 de junho de 2015
Das conversas esfomeadas
Há uma doçura em todo esse caos.
Não precisamos desses passos focados.
Há o desalinho, o desajuste natural que nos guia - tão bem.
Você vem com um sorriso incerto, o olhar perdido, não mais marejado como antes.
Mas de um jeito ou de outro, você vem.
Eu queria poder me derreter, tocar sua mão inquieta, te mostrar que aquela dor se foi, acalmar essa multidão que mora em sua cabeça insegura.
Eu queria, eu queria, mas eu não posso. Eu estou do lado de dentro de min dessa vez.
Não mentir à si mesma!
Não há muito além disso que possamos fazer pra manter o mínimo de controle.
Mas não há controle, querida, apenas controvérsias.
Beije suas feridas, abrace seus cadáveres, perdoe suas próprias agressões, dispa-se de suas fantasias e deixe a morte lenta na neve branca e linda para mais tarde.
O que mais poderiamos fazer que não aceitar, recolher e acolher os pedaços do corpo partido?
terça-feira, 9 de junho de 2015
Desabafo de uma alma em pedaços
Eu posso ainda fechar meus olhos e sentir a ponta gordinha de seus dedos acariciando meus pelos, meus lábios, minhas curvas... Eu posso sentir todo o nosso amor quando eu fecho os meus olhos.
Eu posso ainda fechar meus olhos e sentir a ponta gordinha de seus dedos acariciando meus pelos, meus lábios, minhas curvas... Eu posso sentir todo o nosso amor quando eu fecho os meus olhos.
Manterei os olhos fechados, a mente aberta, a espinha ereta, o coração em chamas e correrei para longe dessa dor que é te ver ter que se explicar por não poder me amar como antes.
sexta-feira, 5 de junho de 2015
quinta-feira, 4 de junho de 2015
Insight
Você consegue ouvir esse som?
Eu estou entendendo.
Pode ver essa luz azul?
Eu estou te entendendo.
Está vendo como meu corpo se mexe?
Eu estou entendendo o que você não diz.
Você consegue sentir esse toque na pele fria?
Eu estou entendendo seu caminho.
Você sente esse cheiro de laranjeira?
Eu posso,agora, entender você.
Eu estou te entendendo
Eu estou te entendendo
Eu estou te entendendo
Eu estou te entendendo
Eu estou te entendendo
Infinitamente...