sábado, 29 de março de 2008

[roubando o que traduz]

"O que me aflige é essa intimidade,
essa proximidade
esse calor,
o clima de sedução,
as comparações secretas na tua cabeça
o que você me pede é o que por ela já foi feito
versos que me dá, a ela (e por ela) já foram declamados
abafa, omite, esconde a voz que é dela,
em troca dou-te meu silêncio
silêncio que me dá mil suposições,
mil confusões
imaginação ligada à incertezas
geram ideias tortas e
calada me encho de duvidas,
de receios,de medos
calada permaneço. (...)"
[érika, a amiga]

terça-feira, 25 de março de 2008

[insanidade]

"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade, minha
genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e
comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas
camisas
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus
sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus
olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha
noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da
morte
"
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[João Cabral de Melo Neto.]

quarta-feira, 19 de março de 2008

a música não é invertida

Nunca pensei um dia chegar
E te ouvi dizer:

"Não é por mal
Mas vou te fazer chorar
Hoje vou te fazer chorar"

Não tenho muito tempo
Tenho medo de ser um só
Tenho medo de ser só um
Alguém pra se lembrar
Faz um tempo que eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais
Deixei que tudo desaparecesse
E perto do fim
Não pude mais encontrar
E o amor ainda estava lá
O amor ainda estava lá
Faz um tempo que eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais.

domingo, 16 de março de 2008

a terra da garoa e a garota.

" Não é por mal, mas vou te fazer chorar...hoje eu vou te fazer chorar...
[não!eu não posso!eu não posso!]
E o amor ainda estava lá...ah! não tenho muito tempo!"


não é por mal, não, não é por mal,mas essa noite, em mim, eu vou fazer você chorar!

quinta-feira, 13 de março de 2008

corredores

Por favor! Hey, por favor : " Me vê uma dose. hã? Ah! Do de sempre!"

Os corredores,e os corredores, e os que correm nos corredores, e os que acho que ainda correm nos corredores, e os corredores que pensei estarem no corredor,estáticos,corados,corretos,nos corredores.
E castros,amargos,intrusos,laçados...
E as luzes nos corredores, e as faces dos corredores, que vem de um lado pro outro, do outro pro lado,sem volta, sem luz, sem voz.
E a corrida começou, e é o teto mofado do corredor que me faz distrair na partida,e partida, ali parada , nos corredores eu esqueço da corrida.
E eles correram, e voaram...
E,agora, sou eu e ela, nos corredores a correr de nós mesma na intenção de correr pra pra algum lugar dentro de nós.

quarta-feira, 12 de março de 2008

...flor

" sempre mais do mesmo, era isso que você queria ouvir?"
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É incrível o quanto eu posso sentir,sem nem encostar em você, eu sinto cada fio de cabelo seu num desespero assustador.
Nos movimentos das tuas pernas que tem se perdido nessas loucuras da sua cabeça.E só de tentar imaginar a dor minha imaginação se torna tão inútil.Sua face está tão pálida coração,e teus olhos desbotados,cada vez mais desbotados.E os teus cabelos, teus belos cabelos perderam o brilho e sinto-o em acidez,opaca e extrema lucidez.E tem me consumido essa sua dor,essa sua maluques!
Oh minha flor, não tira o pouco de cor que ainda lhe resta pra dar-me.Eu não quero ver-te apagar!Eu não aguentaria vê-la cair...Deixa eu te abraçar e te levar pro nosso mundo,deixa eu te curar!Eu não quero que você volte a chorar como chorou nos meus braços naquela noite...quero que possa sorrir!Quero tanto que possa reluzir...reluzir!
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sem mais ..." não pense que a cabeça aguenta se você parar!"

terça-feira, 11 de março de 2008

" e eu quero acreditar na ilusão da liberdade!"

sábado, 8 de março de 2008

[com ou sem suín]

"[...] e como dá vontade de engolir todas essas palavras, essa vontade louca de colocar tudo pra dentro, proteger tudo, deixar em mim, cuidar pra você, de você, sei lá."
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cuidar?cuidar?...ah! sei lá. sei lá.
pouco importa, tão pouco...pra que importar?
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- um vazio decepcionante,simples demais pra ser descrito, coberto por uma esperança boba,mas apaixonante, de que agora a vida vai ser outra. -
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[...] com ou sem o teu suín !!!

sexta-feira, 7 de março de 2008

[os palhaços]

palhaçada!palhaçada em preto e vermelho.preto e vermelho que são meus e que lhe refletiu.ou que você roubou.palhaçada que você roubou e agora toma conta.acerta esse tom.zera essa reza.e tomara que venha aquele refrão.que sou palhaça e a tua palhaçada,do teu preto e vermelho que surrupiou.que parece mais com circo.com palhaços e malabares. e eu lembro de ter falado em malabares.e esqueci-me de pintar os olhos, mas quando pintei,não me furastes,não me invadistes.tirei a roupa pra ti,vestida como palhaça,do arrastão à mini-saia,do batom vermelho borrado no peito,que me despiu aos braços amarrados.e no final,que foi o final da minha apresentação pra cair na tentação,estive-me em pé com salto quinze e dezesseis anos de idade,com corpete preto a faltar os seios, e calcinha rendada preta ao sobrar de carne na bunda.
e eu era o pôr do sol,e eu era o nascer do sol, e foi também, em maioria os raios deste,que aos dezesseis anos perturbou mais do que acalentou. e desejou estar em cima,estar em baixo,estar sem roupa,estar em outros braços,na tua mira,estar nas melodias,na distância,nas cartas e no copo salgado,e nas lágrimas amargas.e estive como público pagão do teu circo.circo que eu armei,circo que eu paguei pra ver,circo que você jurou não mais abrir as tendas.e que em importa as tuas juras? o que me importa as tuas ruas, e tuas moças? dos tapas no banheiro,ao vômito que não me tirou o tesão,o circo foi armado e a palhaçada, ah! a palhaçada de ter-te em minhas mãos, a palhaça aqui sou eu,e eles a platéia. que não aplaudiram de pé, nem mortos.
e é loucura isso. é loucura achar qualquer coisa se te encontro caída em mesas de bar. e derruba meu ódio em mim mesma e ri, e ri como se não houvesse o por que das minhas rugas.
e agora aos dezessetes,ganhei a certeza de ser melhor aos dezesseis, por saber armas o circo com muito mais brilho e sorrisos a flor da pele. não é meu amor? eu ainda sei morder e beliscar,eu só esqueci os tapas na cara sem nem levantar o braço. eu esqueci dos gritos que ferem os tímpanos, e da cara de santa por cima,escrachadamente,por cima, da face de palhaça.não me esqueça não,que palhaçada de verdade a gente só tem uma vez na vida. eu quis brincar de ter ciúmes de você,e fingi,na hora ri,e fui embora.eu quem fui embora.não me esquece não,mas corre daqui,corre e morre longe daqui que eu não quero mais te ver.que eu não quero nem saber quem furou teus olhos.nem que horas são aí,nem que outra palhaça vai te comer,nem que outras pernas vais abrir.que de costas,que no chão,que de quatro,que de bebida,que de lágrimas e gargalhadas e palhaçada de verdade,só eu. [ ou deixa eu achar que sim] .
sai daqui. que a palhaçada tá só começando.
[à você do domingo ao meio dia nos cavalos.]

quarta-feira, 5 de março de 2008

[delírios reais]

Eu não consigo compreender sequer uma palavra da música que sai suave das caixas de som em busca de meus tímpanos.

Olhos,
Diamantes,
Rubi,
Em diante,

São essas as palavras que por mim tomaram consciência. Não tem seqüência, não tem destino, nem objetivo. Mas tem ritmo e tem cor.
Cor essa que me toca de forma louca, e parece comprimir minha garganta, e espremer meus olhos.
Arrisco cantar, dedilhar em mim alguns versos, dessa música que nunca ouvi, e parece transformar-me em trilha visual. E tira de mim risos e sorrisos retorcidos.
Saí de mim, saí de casa por alguns minutos,meia hora talvez,em busca de algo,em busca de um som, uma conversa,um devaneio, um sorriso,uma obrigação qualquer.Dei de cara com o vento,com o céu milimetricamente desenhado, em tons avermelhados e azuis, trazendo me aos olhos manchas foscas de laranjas e verdes. Preenchi-me de todas elas,afaguei-me no asfalto escuro e sujo em que caminhei como se fosse num gramado artisticamente verde.
É a minha vida. É meu descobrir, é minha promessa, e são meus ideais.
É a Lolita quem está a preencher minha mente. O livro de capa dura, azul celeste que me chama atenção, desvendando em outros nomes os meus mistérios, e que Liesel me perdoe se parece traição, mas Lolita agora me faz perder a cabeça, me faz sentir o ventre úmido, até o iniciar das coxas. E descobrir, parágrafo a parágrafo meus desejos mais impuramente intensos e esculturais.
Livro aberto no colo, olhos deslumbrados pelas figuras que desenhadas me rodeiam, e parecem tão reais, as cores tão fortes e os ruídos e gemidos tão vivos. Ora! Ela é só uma criança! Uma ninfeta!
É tão orgástico como roupa de frio no verão. Faz enlouquecer, faz querer gritar. E não quero que ela suma! E nem que assuma meus pensamentos. Por que o que faço é fugir da realidade, é fugir daquela que me persegue, e cair em braços imaginários, pra não sentir necessidade de outros, e o que faço, é desenhar olhos surrais, pra não ter que me hipnotizar nos da menina de carne,ossos, e confusões.
E sentei-me aqui, mesmo a detestar essa cadeira, mesmo cansada dessas teclas, e da clareza que essa tela me traz a cegar,pra tentar ler essa confusão que está a me conflitar, a me desvirtuar.Tentando descobrir por que não acho o desespero que leio, tentando descobrir por que não sinto a loucura que me mostra.
Suas palavras são brandas, querida, apesar de fugazes, são manchadas, não antagônicas, alucinadas, e castras.

terça-feira, 4 de março de 2008

[condicional]

doces deletérios.

[...]

eu sei, é um doce te amar,
o amargo é querer-te pra mim.

[...]

[um grito] é que alguma coisa a gente tem que amar!!

segunda-feira, 3 de março de 2008

[ da frieza à ilusão ]

Lembrei das confusões da madrugada, e junto com elas me veio a frieza que eu calculei um dia com números e medidas exatas, e talvez eu seja boa em matemática e nem saiba, e quem sabe, meu vício não está na física quântica? Cai aos meus pés, implorei-me a parar de fechar os olhos ao mirar o sol.
Inflar, crescer, alimentar cada pedacinho dessa frieza infindável, das lágrimas que são lágrimas só por uma noite, e são contadas e são milimetradas no rosto, do olhar alto, intenso e da cor que eu quiser, do gosto que eu quiser.
Das palavras certas, das sílabas doces, das pausas marcadas, do sigilo proposital e das intrigas perfeitas. Do crime perfeito.
As músicas de letras catastróficas, e o passado descoberto, estendido à mesa. E as desculpas, as mais belas e boas desculpas, a descobrir o mundo.
A mais duradoura argumentação, a calar a boca de qualquer um, a calar o orgulho de qualquer um, coberto por doces chocolates e belas flores, por campos eternos, e juras de amor, cobertos por veludo vermelho de paixão e orgasmos intensos, dos dedos, das mãos inteiras, do sorriso alinhado, dos olhos castanhos, das unhas vermelhas, e dos cabelos bagunçados. Ah! E o olhar! Colado, das mais diversas expressões.
E na cabeça, a cabeça e a cabeça, a maquinar, a pensar.
Maquiavélica cabeça!
E não é diversão, é vício!
E eu sinto-me em abstinência.

E tratar de voar, voar quando quiser, amar quando quiser,medir a medida que quiser, e gozar quando quiser, e fazer chorar quando quiser, e querer o quanto quiser , quando quiser.
E fazer com que os meios não justifiquem os fim, os tantos fins e a fins.
E aí, nas tardes de lágrimas fingidas,de términos escritos e colados nos braços, ouvir as mesmas frases todas as vezes, e rir por dentro, e chorar por fora,por mim mesma,por minhas saciações,meu apego,meu desprezo.
E aí, ter medo de voltar a ouvir...

sábado, 1 de março de 2008

[ e dessa vez não seria Ana ]

"Eu que falei "nem pensar" agora me arrependo roendo as unhas
frágeis testemunhas de um crime sem perdão.
Mas eu que falei sem pensar,
coração na mão como um refrão de um bolero
eu fui sincero como não se pode ser
e um erro assim tão vulgar,
nos persegue a noite inteira
e quanto acaba a bebedeira ele consegue nos achar,
num bar,
Com um vinho barato,um cigarro no cinsero
e uma cara embriagada no espelho do banheiro...
teus lábios são labirintos,
que atrem os meus instintos mais sacanas,
e o teu olhar, sempre distante ,sempre me engana
eu entro sempre na tua dança de cigana.
teus lábios são labirintos,
que atraem os meus amigos mais sacanas,
e o teu olhar, ah! o teu olhar,
é o fim do mundo todo dia da semana."
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[ e ela me olhou como se soubesse desde de o início que eu também não era dali,
e quando sorriu ficou ainda mais linda...]